Em um rápido passeio pelo bairro Moema, onde fica nosso escritório, vem chamando a atenção o número de farmácias novas, localizadas em pontos estratégicos – a equipe Compacto construiu e reformou espaços para alguns clientes do setor e sabe como funciona esse processo. Muitas vezes, por exemplo, as redes dividem o mesmo quarteirão com a concorrência ou estão muito próximas de outra unidade do próprio grupo.
Isso está acontecendo não só na capital paulista: é uma movimentação nacional que ocorre nos últimos três anos e parece ter se intensificado em 2018. Bandeiras regionais, como a gaúcha Panvel, do Grupo Dimed, que conta com mais de 400 unidades, pretende abrir 40 lojas nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Em São Paulo, já existem 3 lojas em funcionamento e, até o fim do ano, serão mais 3.
A Extrafarma, do Grupo Ultra, a cearense Pague Menos e RaiaDrogasil – todas com endereços em São Paulo – estão investindo com tudo no estado pernambucano desde 2015. Hoje as três grandes redes representam cerca de 20% do total das farmácias no estado.
Em Manaus (AM), recentemente foi aberta uma unidade integrante da Farmarcas – associação criada para administrar agrupamentos farmacêuticos e redes associativistas, todos associados à Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar). A instituição reúne noves redes – Ultra Popular, Super Popular, Maxi Popular, Entrefarma, Farma100, AC Farma, MegaPharma, Bigfort e Drogarias Maestra. São mais de 800 lojas associadas em mais de 21 estados. E a ideia é crescer ainda mais.
Segundo Sérgio Mena Barreto, presidente executivo da Associação Brasileira Redes Farmácias Drogaria (Abrafarma), as 24 redes de farmácias e drogarias movimentaram R$ 22,78 bilhões no primeiro semestre deste ano: um crescimento de 7,54% sobre o mesmo período de 2017. O resultado permanece bem acima da média do varejo brasileiro – cuja alta foi de 3,1%, de acordo com o Boa Vista SCPC.
O aumento da quantidade de farmácias é reflexo de uma busca crescente dos brasileiros por mais qualidade de vida e estar bem consigo mesmo. “É uma demanda dos tempos modernos. O Brasil está envelhecendo e o sistema de saúde público não consegue absorver tanta demanda em um território imenso”, explica Barreto.
O executivo afirma que as farmácias têm plenas condições de agirem como zeladoras do bem-estar populacional. “Não podemos ignorar a abrangência física das grandes redes, que possuem mais de 7 mil lojas espalhadas por 795 municípios brasileiros, alcançando regiões carentes em assistência médica e até mesmo com pouca atuação do governo.”
Em 2017, a Abrafarma encomendou uma pesquisa ao Ibope com o objetivo de mapear a percepção dos brasileiros sobre a adesão à assistência clínica nas farmácias e sobre a importância do papel do farmacêutico. O estudo contemplou 2.002 pessoas em 143 municípios. Os resultados, além de comprovarem a necessidade de maior atuação dos farmacêuticos, serviram de parâmetro para o projeto da entidade de implementar o modelo de assistência farmacêutica avançada, que prevê oito novos serviços a serem prestados nas redes associadas, desde a imunização até clínicas de autocuidado. E esse projeto já está em ação!
O número de estabelecimentos com salas de serviços farmacêuticos (care centers) quase triplicou nos últimos 12 meses, saltando de 605 para 1.670 – um avanço de 176%. Nessas salas de assistência farmacêutica, as pessoas podem agendar um atendimento para fazer a revisão de medicamentos, ter acompanhamento do tratamento prescrito pelo médico, checar o nível do diabetes e hipertensão, ser imunizadas ou receber informações de como regular o nível do colesterol no sangue. E mais: também podem participar de programas de gestão de peso e antitabagismo. Os serviços, disponíveis em 22 das maiores redes do varejo farmacêutico nacional, são regulamentados pela Lei n° 13.021/2014.
E, desde dezembro de 2017, após uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as farmácias e drogarias de todo o País podem oferecer o serviço de vacinação em suas unidades. Atualmente, do total por região, o Sudeste concentra 683 unidades (41%), seguido por 433 no Nordeste (26%), 322 no Sul (10%), 110 no Norte (7%) e 105 no Centro-Oeste (6%) que dispõem desse atendimento diferencial, cumprindo o papel de ser um agente complementar na área de saúde. Até o fim de 2018, a projeção da Abrafarma é chegar a 2.100 espaços do gênero operando programas de assistência farmacêutica avançada.
Tudo indica que lá na frente as farmácias brasileiras fiquem ainda mais parecidas com as americanas, onde se vende inclusive alimentos, roupas e bebidas. O respaldo legal já existe. É só observar e esperar acontecer.