Estudo da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) avisa: a indústria da construção civil ainda é uma das que mais gera resíduos no País. São mais de 122 mil toneladas de descarte. Especialistas do setor acreditam que cada vez mais as empresas do ramo tendem a adotar práticas para reduzir os impactos ambientais de seus projetos. A Compacto Engenharia também acredita que isso já é uma realidade.
Muitas já entenderam que a sustentabilidade não é só benéfica para o meio ambiente, mas também para reduzir custos, aumentar competitividade e garantir economia ao bolso do cliente final em médio prazo. Recente pesquisa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC) mostrou que mais de 80% dos consumidores são conscientes das medidas para racionalização do consumo de energia e água, o uso de teto solar e o conforto térmico.
Paralelamente, vêm surgindo no mercado diferentes opções “verdes” que podem ganhar força e conquistar cada vez mais adeptos, como a lâmpada LED. Vale lembrar que foram três japoneses – Isamu Akasaki, Hiroshi Amano e Shuji Nakamura – que desencadearam uma revolução na tecnologia da luz com a invenção dos diodos emissores de luz azul eficientes, o que os levou a receber o Prêmio Nobel de Física em 2014.
Será que o engenheiro neozelandês Peter Lewis, à frente da Byfusion, startup americana, será premiado pelo replast? Esse é o nome do tijolo produzido a partir da compressão de resíduos plásticos retirados do oceano de todas as partes do mundo, que pode ter diversas formas e densidades. De acordo com sua configuração e forma personalizada, são encaixados, não necessitando de cola ou adesivo. Seu processo de fabricação não emite CO2.
Já existem também placas, telhas e cumeeiras, de origem brasileira, compostas por 25% de alumínio e 75% de plástico proveniente de tubos de pasta de dente e outras embalagens de difícil eliminação no meio ambiente. Durante a fabricação desses produtos não é aplicado nenhum tipo de queima, não oferecendo riscos ao meio ambiente nem à saúde do colaborador.
Também estão usando isopor e garrafas PET reciclados para criar blocos que podem ser encaixados no sistema (macho-fêmea), cujo acabamento é feito com uma fina cobertura de concreto de baixa densidade. Esses blocos possibilitam melhor isolamento térmico – o que gera economia de energia –, deixando a temperatura dos ambientes mais confortáveis em qualquer estação do ano.
E – acreditem! – há ainda quem esteja resgatando o uso de tijolos de terra compactada, usados na construção da Muralha da China. A técnica de produção continua a mesma: o tijolo é construído a partir do barro úmido e cascalho com um estabilizador que pode ser o concreto. Essa mistura é comprimida em forma e exige um período de cura de no mínimo 2 anos.
Os blocos de adobe também foram usados na construção de umas das sete maravilhas do mundo e em outras edificações de mais de 5 mil anos. A técnica milenar consiste no molde de uma mistura de água, terra e fibras naturais (palha e esterco, por exemplo) e pode ser feito na própria obra.
Até para o concreto criaram uma versão verde! A Universidade Técnica de Delft – um dos centros de ensino superior mais importantes dos Países Baixos – desenvolveu o protótipo de bioconcreto, o concreto que repara a si mesmo, impedindo que ranhuras cresçam e que a passagem da corroa as ferragens do concreto armado, comprometendo as qualidades mecânicas da estrutura.
Uma grande alternativa para substituir o concreto armado é o bambu, que já vem sendo amplamente utilizado na construção civil devido a sua resistência e flexibilidade – ele pode ser encontrado e cultivado em diversos lugares. Parece que agora ele emplaca de vez!
Além do plástico – que demora 450 anos para se decompor –, outro material que é descartado na natureza e causa grande dor de cabeça é o pneu. Para ser reutilizado na construção civil, é preciso separar o aço que faz parte da sua composição. A borracha triturada pode ser inserida aos demais materiais construtivos para a produção de pisos aplicados principalmente em ambientes educacionais, esportivos e de moda. Sim, estão sendo produzidas e comercializadas bolsas, mochilas e carteiras com pneus. E são acessórios lindos!
A criatividade em prol da sustentabilidade parece não ter limite. Recentemente a Compacto postou em sua página do Facebook um projeto de construção de um estádio de futebol desmontável de contêineres reciclados para a Copa do Mundo de 2022 em Qatar, possibilitando uma montagem rápida e eficiente da estrutura. É fato: os contêineres têm ganhado cada vez mais espaço como material sustentável na construção civil. Deixou de ser moda e tornou-se uma técnica construtiva muito eficiente. Essas estruturas geram uma economia de até 30% na construção de edifícios.
E há mais de três anos o contêiner passou a ser uma solução para “experimentar” novos negócios na noite paulistana, por exemplo. A modularidade dos contêineres permite reinventar segmentos bares, baladas, danceterias, casas de show ou “esquentas”. Seja temporário ou permanente, o projeto apresenta excelente custo-benefício: se algo não deu certo, não é preciso quebrar parede, destruir nada. Apenas tira o contêiner do lugar sem gerar entulho muito menos desperdício de material.
Há dois lugares “verdes” e inspiradores na capital paulista que merecem ser destacados. O primeiro dele é projeto de compostagem do Shopping Eldorado, na zona oeste, que tem o objetivo de dar destino ecologicamente correto a cerca de uma tonelada de lixo orgânico gerada diariamente em suas praças de alimentação. Desde 2012, as sobras de alimentos recebem enzimas que aceleram o processo de compostagem, retiram o odor desagradável e são transformadas em adubo usado em uma horta no telhado. Lá, são produzidos legumes e verduras livres de agrotóxicos e destinados aos próprios colaboradores do Shopping Eldorado. Dessa forma, o projeto trabalha com o tripé da sustentabilidade: meio ambiente, economia e social.
E nesse meio tempo várias “paredes verdes” surgiram pela cidade de São Paulo, em edifícios residenciais e comerciais, casas e vias públicas, como a Avenida 23 de Maio. Mas o destaque vai para a primeira horta subterrânea do Brasil, que fica sob as duas torres ligadas por um pórtico gigante do Edifício Pátio Victor Malzoni, na Avenida Brigadeiro Faria Lima, também na zona oeste da cidade. Inaugurada no ano passada, a horta é iluminada por lâmpadas de LED especiais para compensar a ausência de sol no subsolo. As plantas são irrigadas por um sistema automático instalado em cada caixote e um funcionário as borrifa manualmente todos os dias. A horta também utiliza resíduos orgânicos gerados no próprio prédio, que são transformados em adubo por um sistema de compostagem instalado no local.
É muito bom saber que sugestões e ideias não param de surgir dentro e fora do Brasil. A gente tem mesmo de pensar lá na frente ajudando o setor da construção civil a viver de fato a sustentabilidade.