Na semana passada, a Associação Brasileira de Franchising (ABF) realizou a ABF Expo 2018. Em quatro dias, a feira reuniu cerca de 60 mil visitantes e 407 marcas expositoras nacionais e do exterior, sendo que 128 marcas – de segmentos e perfis de investimento distintos – participaram do evento pela primeira vez.
O Brasil é o quarto maior país do mundo em número de redes de franquia e o sexto maior em número de unidades franqueadas: hoje já são cerca de 130.000 unidades de franquias. E o mercado tende a prosperar ainda mais: só no primeiro trimestre deste ano cresceu 5,1% e continua a gerar empregos e contribuir com o desenvolvimento econômico brasileiro.
No sistema de franquias o franqueado paga por um know-how, por reproduzir um modelo de sucesso e pelo direito de uso de uma marca reconhecida no mercado. Abrir mão desses conceitos envolve riscos que precisam ser cuidadosamente avaliados.
Franquia sempre foi um bom negócio. Para muitos que perderam seus empregos em época de crise, torna-se o porto seguro para o começo de uma nova vida profissional. É um caminho bem menos tortuoso do que o de abrir um negócio próprio, independente. Mas isso não significa que não requer trabalho e dedicação. Pelo contrário! É preciso entender do negócio e arregaçar a manga.
Tem muito franqueado achando que o franqueador resolve tudo, que a “marca” é forte e garante sozinha o bom andamento daquela unidade. Mas também existe o inverso: o franqueador não dá o menor suporte ao franqueado. Por isso, na hora de optar por essa ou aquela franquia, torna-se essencial obter todas as informações relacionadas à marca escolhida, extraindo todos os dados importantes para seguir para as próximas etapas.
É indicado ainda procurar saber qual é a rentabilidade média das franqueadas da marca, quais são as normas de trabalho impostas, quais os valores das taxas de aquisição e mensais, exigências para montar, espaço físico, entre outras questões. Ao saber de todas essas informações, você ficará inteirado sobre o posicionamento da empresa no mercado, o que irá ajudar na administração.
Nestes vinte anos, a Compacto Engenharia já viu algumas franquias prosperarem e outras, não. Participou muito do começo de algumas delas, ajudando a desenvolver a marca e os equipamentos internos e também a tropicalizar as máquinas no caso de franquias que vieram do exterior – já relatamos esse processo em um dos textos no blog, referente à chegada do Burger King ao Brasil. https://goo.gl/JrhsDk
Esse momento inicial é importantíssimo, pois, trabalhando com um arquiteto parceiro, define-se a identidade proprietária da marca, isto é, toda a comunicação visual, o mobiliário, os revestimentos, os acabamentos, tudo é determinado, visando à padronização do negócio. A ideia é que o cliente entre no estabelecimento e facilmente se identifique com o ambiente, comum a todas as unidades daquela marca.
Outro item importante é o estudo dos locais disponíveis, qual é o número de pessoas residentes no local, qual é o fluxo de pessoas que transitam pela região diariamente, quem são os principais concorrentes, se o público será receptivo à instalação da franquia, entre outras questões.
Neste momento a Compacto Engenharia está desenvolvendo exatamente esse trabalho para o Espaço Laser no Rio de Janeiro.
Algumas vezes, o franqueado quer economizar e sugere à construtora a substituição desse ou daquele material para cortar custos: sabe-se que geralmente já houve gastos com a taxa de franquia. É nesse momento que a construtora tem de ser parceira dos dois lados, alertando o franqueado que a loja física também será inspecionada antes de ser aberta.
É necessário, então, planejá-la seguindo exatamente o padrão estabelecido pela marca. O ambiente deve conter o mesmo espaço das demais franquias da marca, pois qualquer alteração certamente será motivo de multa por parte do franqueador, que pode ver a sua rede perder força e credibilidade com a descaracterização física dos espaços.
Assim, para ajudar o franqueado a realizar o seu sonho, sugere-se que a construtora facilite as condições de pagamento da obra diante do aval do franqueador, que tem como passar informações sobre a idoneidade de seu novo “parceiro” de negócio.
Atuar no franchising é desafiador. Torna-se imprescindível trabalhar de forma responsável e promover a prosperidade do negócio, inclusive da própria construtora. Afinal, o mercado de franquias está em franco desenvolvimento, com muitas empresas iniciantes e um grupo significativo de marcas em um estágio maduro rumo à consolidação.
Essa não é uma compra por impulso. Cabe análise e ponderação para que a parceria de fato aconteça e dure por muitos anos.