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Ética na Construção Civil
09/11/18 Novidade

O dia a dia da SNC-Lavalin, construtora global de engenharia sediada no Canadá, está bastante tumultuado. Segundo reportagem da revista eletrônica Engineering News-Record – ENR, publicada em outubro, analistas acreditam que ela possa enfrentar pressão para vender ou sair do mercado público. Afinal o governo de Ottawa declarou que não negociaria com a companhia de Montreal um acordo de remediação por acusações de suborno internacional e corrupção.

O crime aconteceu antes de 2012. De acordo com as investigações, executivos – já demitidos – teriam pago de 2001 a 2011 US $ 36,5 milhões em supostos subornos a funcionários do governo na Líbia. A empresa se declarou inocente das acusações de fraude e corrupção impetradas contra a entidade corporativa e duas subsidiárias feitas pela Real Polícia Montada do Canadá em 2015 – o imbróglio já dura três anos.

Desde então, a empresa vem passando por uma grande reforma de ética corporativa. Em anúncios na mídia, o CEO Neil Bruce “pediu desculpas pelas deficiências que ocorreram antes de 2012, o que nunca deveria ter ocorrido” e destacou o empenho da empresa em alcançar a excelência em governança e integridade, “em um esforço para recuperar a confiança de todos os nossos stakeholders e funcionários”. SE condenada, a construtora ficará uma década sem poder participar de licitações públicas.

 

Código de conduta e ética do setor tem de ser levado à risca

É muito triste ver que a área da construção civil tenha chamado – e continua chamando! – a atenção do mercado em geral de forma tão negativa. Muitas delas se envolveram em diversos escândalos não só aqui no Brasil – no Reino Unido, na Austrália e na África do Sul foram feitas pesquisas sobre práticas antiéticas no setor.

Aqui no Brasil a Câmara Brasileira da Indústria da Construção publicou em 1992 um código de conduta, fornecendo uma série de maneiras de lidar com questões antiéticas. Vale destacar os comportamentos considerados negativos na indústria.

 

 Entregue sempre o melhor projeto

O primeiro dele é relacionado com segurança: nem em sonho deve-se pensar em entregar um projeto de baixa qualidade ou defeituoso, nem em ter no time profissionais não qualificados para exercer essa ou aquela função. É comum “contratados” esconderem os erros que comprometem toda uma obra.

Lembra-se da tragédia do Palace II? O edifício construído pela Sersan apresentou um erro estrutural de cálculo – assinado pelo engenheiro responsável – nas vigas de sustentação. Resultado: o empreendimento desmoronou em 1998.

 

Materiais confiáveis, condições de trabalho honestas

A palavra economia também não combina com obra: fornecer produtos que não estejam em conformidade com as especificações do projeto é antiético. Em alguns projetos, sabe-se que foram adquiridos materiais de qualidade duvidosa ou, ainda, trocados após a inspeção feita pelo cliente. Triste isso.

A equipe que arregaça as mangas no canteiro de obras também merece o melhor sempre. É dever de qualquer empreiteira proporcionar excelentes condições de trabalho. Isso significa criar um ambiente seguro, higiênico e saudável, além de salário e estímulo profissional compatíveis à produtividade. O contrário disso é considerado uma prática antiética.

 

 Saia fora de qualquer tipo de manipulação

O famoso cartel em que empreiteiras manipulam e/ou fixam preços nas licitações também é visto como um erro crasso e condenável. Essa situação ficou bem evidente durante a investigação da Operação Lava Jato.

Provas apresentadas pela Polícia Federal mostraram claramente como isso acontecia com grandes construtoras com obras espalhadas pelo Brasil.

E isso se estende ao cliente que, muitas vezes, diz ao seu contratante preferido o que preço a ser apresentado na proposta para que possa vencer a “licitação”.

 

De olho na sustentabilidade e no futuro do Planeta

As práticas ambientais ruins também não são éticas. Tanto clientes como contratados devem ter o cuidado e a responsabilidade de não despejar resíduos perigosos no lixo normal nem terrenos baldios ou parques. Precisam ainda ser criteriosos na escolha da matéria-prima: o melhor é que sejam sustentáveis.

 

Propina: corte de vez do seu vocabulário

Pagar propina? Nem pensar! Uma das palavras mais citadas nos depoimentos da Lava Jato e de suas mais diversas fases de investigação deve ser riscada do dicionário de qualquer pessoa.

Já vimos que negociar qualquer tipo de propina para ser favorecido em processos de licitação é ilegal: a empresa fica “manchada” – que nem a canadense SNC-Lavalin citada anteriormente – e os responsáveis podem, sim, acabar condenados criminalmente.

 

Fazendo o certo no dia a dia

Faça da ética um valor inegociável na sua empresa. Faça das boas práticas uma rotina que leve a sua construtora a um caminho próspero e justo. Você sai ganhando, seus colaboradores se sentem valorizados e seus clientes, mais seguros.