Segundo recente pesquisa do McKinsey Global Institute – setor de estudo em economia e negócio da McKinsey estabelecido desde 1990 para desenvolver uma compreensão mais profunda da economia mundial –, globalmente o crescimento da produtividade do trabalho na construção civil foi de apenas 1% ao ano nas últimas duas décadas, comparado a um crescimento de 2,8% para a economia mundial total e 3,6% no caso da indústria.
É fato. A área da construção civil tem problema de produtividade. Muitos projetos são executados com horas extras, excedendo o orçamento, e o setor ainda é um dos mais lentos ao se adaptar a qualquer mudança. E isso está custando muito dinheiro às empresas. De acordo com a McKinsey, grandes projetos estão demorando até 20% mais para terminar do que o previsto e estão até 80% acima do orçamento.
Mas isso pode ser mudado! Outras indústrias, como a da manufatura, se voltaram para a Internet das Coisas (IoT) – que conecta itens usados no dia a dia à rede mundial de computadores, sistematizando atividades diárias – e outras novas tecnologias para ajudar a promover o crescimento da produtividade. E essa também poderia ser a chave para a construção civil, sobretudo no que diz respeito à reparação e manutenção.
Sabe-se que manter adequadamente os equipamentos é essencial para as empresas obterem o máximo de seus investimentos e garantir que a obra seja executada no prazo. Caso contrário, qualquer “parada” por problema técnico traz muito transtorno e dor de cabeça. Colocando-se sensores específicos nesses equipamentos, por exemplo, tornará o processo de manutenção ainda mais preciso, pois será possível detectar e comunicar os requisitos de manutenção, enviar alertas automatizados para manutenção preventiva, compilar dados de uso e manutenção e aumentar a eficiência monitorando remotamente o consumo de combustível.
Resumindo: apostando na IoT as empresas garantem que seus veículos e maquinários possam ser usados pelo máximo de tempo possível, o que, por sua vez, aumenta a produtividade no canteiro de obra. Quer outro exemplo? A IoT pode ajudar a rastrear toda e qualquer movimentação de matéria-prima, garantindo que nunca seja perdida ou roubada, o que pode ser um problema em locais de construção em grande escala, causando atrasos e diminuindo a produtividade.
E outras soluções não param de surgir. Uma delas é a tecnologia Connected Job Sites – canteiro de obras conectado – que possibilita a comunicação imediata entre o escritório, os trabalhadores e os equipamentos de obras. Isto é, com essa ferramenta é feito o monitoramento da obra por meio do gerenciamento de equipes, equipamentos e atualizações de projetos feitos em 3D. E muitos outros aplicativos e softwares de gestão também estão sendo colocados à disposição do mercado internacional com o intuito de agilizar o setor da construção civil.
Aqui no Brasil também já se sabe da importância da IoT. Tanto que em outubro de 2017 o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) lançaram os resultados do estudo “Internet das Coisas e um plano de ação para o Brasil”, que foi a base da elaboração do Plano Nacional de IoT com políticas públicas entre 2018 e 2022.
De acordo com o relatório, o País ganhará um potencial econômico de cerca de US$ 27 bilhões, com uma economia nos processos de racionalização em gestão pública, transporte, monitoramento de tráfego, segurança e eficiência energética até 2025. Mundialmente, a economia será em torno de US$ 1,6 trilhão. Até 2050, as grandes metrópoles serão verticais, com pouco espaço e prédios mais altos, e 70% da população viverá nas cidades.
Roberto de Souza, presidente do Centro de Tecnologia e Edificações e idealizador da Rede Construção Digital, explicou em artigo publicado no site EnRedes, que a construção civil não pode ficar de fora da transformação que é a Internet das Coisas. “Todos os dias milhares de metros quadrados são construídos, em todos os locais do País e do mundo, e temos de fazer investimentos para desenvolver as novas edificações, extraindo dados para melhor interação com o ambiente construído, sua qualidade e usuários”.
Não tem como ficar de fora desse movimento em prol da produtividade não só do nosso setor, como de vários outros.