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indicadores de desempenho
23/11/18 Tecnologia na Construção Civil

Logo no começo de sua reportagem do último dia 14 de novembro, a jornalista Laurie Cowin, da revista eletrônica americana Construction Dive, faz uma afirmação: “números e fatos difíceis são frequentemente o que precipitam e impulsionam a mudança”.

Essa frase ganha reforço com a declaração de David Wilkinson, gerente sênior de Estratégia da Autodesk: “Esta é a era do big data, que impulsiona decisões e transformações. Como vamos propulsar o desempenho em uma indústria que realmente não tem métricas de desempenho?”

O executivo afirma que, uma vez que o setor – qualquer um que seja – tenha referências, pode enxergar melhor as oportunidades de impulsioná-lo. “Sem indicadores de desempenho, continuaremos sendo a média. Precisamos de padrões objetivos para entender o que é ‘bom’”.

 

São sete os indicadores de desempenho baseados em processos

Diante dessa postura, a Autodesk recentemente contratou a Dodge Data & Analytics para identificar e quantificar sete principais indicadores de desempenho (KPIs) da área de construção. A missão era mostrar o que vale a pena medir e o que é valioso para reduzir riscos e melhorar o desempenho.

O estudo da Dodge apresentou a lista de 7 KPIs baseados em processos de projeto que aproveitam os dados que já estão sendo capturados pelas empresas – essas informações podem ser analisadas e transformadas em conhecimento útil para criar análises preditivas.

Segundo o levantamento, os sete KPIs de construção são: problemas descobertos na documentação de construção; solicitações de registro de informações (RFIs) e respostas; documentação de todos os pedidos de alteração; atualização do cronograma do projeto; uso de software para segurança e inspeções; produtividade do trabalho; e, por fim, qualidade e fechamento da obra.

A pesquisa descobriu que, das cerca de 200 empresas americanas analisadas, a adoção dos KPIs é bastante baixa – pouco mais de 50% das companhias os aplicam a mais da metade de seus projetos. Um dado curioso: as empresas menores tendem a ser mais bem-sucedidas na implementação de políticas e práticas de forma consistente.

Embora a tecnologia possa capturar dados para obter insights e medições, a medição sozinha não é suficiente. Essas métricas devem ser trabalhadas em conjunto com a procura de correlações entre atividades, como RFIs e pedidos de alteração ou RFIs e cronograma, para que as construtoras possam entender o que exatamente está causando obstáculos nos projetos.

 

Não se pode gerenciar aquilo que não mede

A vice-presidente executiva e diretora de dados da Construtora Suffolk, Jit Kee Chin, no cargo há pouco mais de 18 meses, acredita que uma das razões pelas quais a produtividade na área da construção não estar melhorando é porque as empresas não faz uso dos próprios dados históricos. “Enquanto a maioria das indústrias aprende com o passado para impulsionar a melhoria contínua, a construção como um todo negligencia isso”, afirma a executiva.

Jit Kee garante que a transparência nos KPIs é vital não apenas no nível gerencial, mas também no local da obra, para que os empreiteiros possam conduzir a tomada de decisões em tempo real, reduzindo riscos relacionados a segurança, tempo, custo e qualidade, entre outro. “Com mais informações, podemos gerenciar melhor esse risco e entregar um melhor resultado para o proprietário”, disse Chin.

 

A saída é apostar em métricas baseadas em observação

Josh Kanner, fundador e CEO da Smartvid.io, uniu-se a Jit Kee Chin para estudar como a tecnologia e os dados podem ajudar a medir os KPIs. Kanner, há mais de 14 anos no setor da construção, afirma que a indústria avançou anos-luz à frente no que se refere à digitalização.

Sua empresa analisa dados coletados de sistemas para fazer observações sobre um projeto e transformá-los em relatórios de benchmarking. “Em muitos setores, o uso desse tipo de métrica baseada em observação agora é complementado com métricas preditivas que informam o que acontecerá, e não apenas o que já está acontecendo”, disse Kanner, acrescentando que a construção precisa de KPIs baseados em observação.

Isso tudo leva à reflexão: como a área da construção civil no Brasil se relaciona com os dados do setor, do canteiro de obras? Estamos usando isso a nosso favor?